quinta-feira, 4 de julho de 2013

CAMU-CAMU...

São como bolinhas de gude vermelho-escuras. Mas, ao invés do brilho de vidro, elas são recobertas por uma casca opaca, dura e grossa, com uma fina camada que parece uma penugem. Por cima, uma coroinha de minúsculas folhas cobrindo a careca do rei. O rei da vitamina C. Essa fruta amazônica é bastante cultivada no Peru, tem chamado cada vez mais atenção no Estado de São Paulo e anda fazendo muitas viagens ao Japão. Poliglota desse jeito, mas ainda pouco conhecida, a fruta do camu-camu escorre sua polpa cor de púrpura em sucos, geléias, refrescos. Se a cor é atrativa, o gosto da fruta in natura não agrada qualquer paladar. Muito ácida e amarga, especialmente quando comida com casca, motiva seu aproveitamento em formas de preparo nas quais o beneficiamento da fruta transforma a bolinha de gude amarga em receitas para o café da tarde ou aperitivos. Uma de suas metamorfoses resulta em tabletes e cápsulas de vitamina C. Afinal, estamos falando da fruta com o maior teor dessa vitamina em todo o mundo.

A mais vitaminada
Tradicionalmente indicada como importante fornecedora de vitamina C, a laranja passou bastante tempo sendo a prescrição mais popular para aumentar a resistência do organismo. Depois, com o crescimento do consumo da acerola, essa fruta perdeu seu posto. Afinal, com um teor de vitamina C entre 1 g e 1,3 g para cada 100 g de polpa, a acerola passa voando sobre os cerca de 0,52 g para cada 100 g de laranja.
Mas as pesquisas feitas com o camucamu encontraram teores ainda mais impressionantes dessa vitamina, pois, em média, cada 100 g da polpa de camu-camu contém 2,5 g de vitamina C. Já foram encontradas concentrações superiores a 6 g nessa mesma quantidade. Com um teor de vitamina C que geralmente é o dobro da acerola e seis vezes mais do que a laranja, essa bolinha de gude tem a força de um canhão. "Não existe outra fruta, conhecida até o momento no mundo, com maior teor de vitamina C do que o camu-camu", confirma a engenheira de alimentos Rosalinda Arévalo Pinedo, que realizou seu doutorado sobre a fruta na Faculdade de Engenharia Química da Unicamp.
E Rosalinda chama atenção para uma parte da fruta que merece os devidos méritos além da polpa. "O teor de ácido ascórbico (vitamina C) presente na casca é surpreendentemente alto. Em análises realizadas, encontramos um teor de 3,979 g na casca para cada 100 g da fruta. E essa constatação ainda não recebeu a devida consideração dos pesquisadores"
Oscar Smiderle,Pesquisador da Embrapa Roraima (2009) - Nem acerola, nem limão. O fruto com maior concentração de vitamina C ainda é um ilustre desconhecido. O título fica com o camu-camu, também chamado de caçari, araçá d`água e azedinho, um fruto típico da região amazônica. Sua concentração de ácido ascórbico (vitamina C) é 20 vezes maior que a da acerola e 60 vezes a do limão. Cada 100 gramas de sua polpa tem entre 2,3 e 3 gramas de vitamina C. E a casca apresenta concentração ainda maior: até 5 gramas. É a maior fonte natural de ácido ascórbico que se conhece. Mais do que isso só em formato de comprimido, nas farmácias.

Por conter um alto teor de ácido ascórbico e ácido cítrico, o camu-camu é um poderoso anti-oxidante. E pode funcionar como coadjuvante na eliminação de radicais livres, retardando o envelhecimento, além de fortalecer os sistemas imunológico e nervoso e estimular o sistema cardíaco. Com estas propriedades, o camu-camu impõe-se no topo da lista das matérias-primas das indústrias de medicamentos, cosméticos, alimentos e bebidas. Mesmo após o cozimento, ele não perde a vitamina C, como ocorre com outros frutos.

Não é à toa, portanto, que as propriedades e benefícios do camu-camu têm despertado o interesse de outros países na importação da polpa e do fruto. Por outro lado, infelizmente, o camu-camu ainda não é popular na mesa do brasileiro, mesmo de quem mora na Amazônia. O fruto praticamente só é encontrado em seu estado natural, à beira dos igarapés e rios ou em regiões permanentemente alagadas. Plantações comerciais ainda não são comuns. Mas a Embrapa Roraima vem realizando pesquisas que podem, num futuro bem próximo, transformar o camu-camu no fruto da vez.

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